Na região do semiárido brasileiro, o período de chuva costuma ser curto e é preciso aproveitá-lo para fazer o plantio. Para esperar a chegada desse momento ideal para a plantação, os agricultores costumam ter o hábito de guardar as sementes em casa. Porém, para garantir uma maior segurança para esses trabalhadores rurais, a Articulação do Semiárido (ASA) e a Fundação Banco do Brasil firmaram uma parceria para implantar 180 bancos comunitários de sementes e 171 cisternas para armazenamento de água da chuva em nove estados do semiárido, com investimento social de R$ 10,8 milhões. Cada estado será beneficiado com 20 bancos de sementes e Pernambuco está incluído no programa, com 400 famílias envolvidas.
Os bancos de sementes prometem garantir uma maior segurança aos agricultores na hora que chegar o período ideal para plantar. A ideia é usar o espaço de uma casa para que os trabalhadores do campo possam guardar as suas sementes em prateleiras e garrafas pet ou recipientes maiores. “Todo agricultor tem o hábito de guardar sementes em casa. Mas, se precisar comer, vai usá-las. Ou se plantarem no período inapropriado, vão perder o plantio. Então eles vão deixar as sementes no banco e, quando chegar o período de chuva, eles e outras pessoas podem pegar a quantidade de semente para plantar. Desta forma garante um nível de segurança maior para a semente”, explica Maitê Maronhas, assessora da ASA.
Ela reforça que, em Pernambuco, não existe tradição de bancos comunitários de sementes e que a implementação vai beneficiar os agricultores locais. “Quando a gente vai a campo, encontra o hábito de guardar em casa. E a chegada dos bancos é um passo muito grande e que vai fazer diferença na vida das pessoas porque elas vão ter a semente na mão na hora que precisarem. Não vão precisar esperar programa de governo, que pode atrasar as sementes, levando em consideração que o período de chuva é curto”, completa.
Os bancos comunitários funcionam com a mesma lógica de uma instituição financeira, usando as sementes no lugar do dinheiro. Os agricultores participantes depositam no banco as sementes e, quando chega o período de plantar, eles emprestam a quantidade necessária. Após colher, cada um devolve 50% a mais do que foi emprestado, ajudando a aumentar o estoque para ter a capacidade de ajudar mais gente na próxima colheita.
As sementes utilizadas no programa são as crioulas, que vêm sendo selecionadas por agricultores ao longo dos anos. “As sementes comerciais são levadas para laboratório para serem melhoradas e, quando são avaliadas como boas, voltam ao mercado. A questão é que as condições do campo variam, em uns lugares chove mais e em outros menos. Já as sementes crioulas são escolhidas entre as melhores e sempre foram trabalhadas no mesmo lugar, então estão adaptadas para aquele lugar específico. Elas se adequaram às condições dali”, afirma. As sementes crioulas do Semiárido tem característica importante porque são mais resistentes à seca.
Além dos bancos de sementes, a iniciativa também vai implantar 171 tecnologias sociais de acesso a água que captam e armazenam água da chuva para a produção de alimentos e a criação de pequenos animais.
Fonte/Asa
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