O Facebook removeu nesta quarta-feira 196 páginas e 87 perfis brasileiros que, segundo comunicado da rede, “violavam as políticas de autenticidade” da plataforma. “Essas páginas e perfis faziam parte de uma rede coordenada que se ocultava com o uso de contas falsas no Facebook, e escondia das pessoas a natureza e a origem de seu conteúdo com o propósito de gerar divisão e espalhar desinformação”, diz o texto.
A rede social não divulgou, em seu comunicado, os nomes das páginas nem os conteúdos excluídos. Também não cita organizações em seu texto de divulgação. Muitas estão ligadas ao Movimento Brasil Livre (MBL). É o caso do perfil de Renan Santos, um dos coordenadores do grupo. Pelo Twitter, o MBL se posicionou, dizendo que foram “derrubados perfis de pessoas reais”, que se tratavam, dizem, de “blogs e perfis que eram públicos e apresentavam fontes de tudo que diziam”. O perfil do MBL, porém, continua no ar.
Entre as páginas deletadas estão as dos sites Jornalivre e O Diário Nacional e a do movimento Brasil 200, grupo de empresários liderado pelo empresário Flávio Rocha, que até a semana passada era pré-candidato à Presidência da República pelo PRB com o apoio do MBL.
Fontes ouvidas pela agência Reuters afirmaram que a rede social identificou a participação de membros importantes do MBL na administração da rede de notícias falsas. O Facebook nega que a exclusão tenha sido motivada pela divulgação de fake news – a política da empresa para casos assim é rebaixar em até 80% o alcance de posts com notícias falsas. Em declaração muito criticada em todo o mundo, Mark Zuckerberg exemplificou a dificuldade de lidar com a questão ao defender a manutenção de conteúdos que questionam a existência do holocausto. “Sou judeu e acho isso profundamente ofensivo, mas não acredito que a nossa plataforma deveria remover, pois penso que há coisas que pessoas entendem de maneiras diferentes. Não imagino que estejam errando intencionalmente”, declarou.
Ao recorrer às políticas de autenticidade, a plataforma usa critérios mais objetivos para atacar o mesmo problema da desinformação. O Facebook tem sofrido cobranças em todo o mundo por ser uma plataforma na qual as notícias falsas se multiplicam. As eleições presidenciais foram um ponto fundamental da remoção em massa das páginas brasileiras, em meio a outras ações da rede social para combater as notícias falsas.
Em janeiro, reportagem de VEJA revelou quais são os maiores alvos de fake news na política brasileira dentro de posts da plataforma. Em março, outra reportagem mostrou a máquina de marketing em que o MBL se transformou, com ajuda das redes sociais.
O Facebook diz que entre os erros cometidos pelas páginas removidas estão contas com nomes falsos ou que participem de “comportamentos não autênticos coordenados”, como enganar os usuários sobre origem do conteúdo, destino de links externos e tentativas fraudulentas de incentivar compartilhamentos, curtidas ou cliques.
Houve três pontos de partida para a investigação que levou à lista das 196 páginas: denúncias feitas por usuários, reportagens veiculadas na imprensa e análise técnica de comportamentos suspeitos.
POR/VEJA
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