Fundação reconhece conceito inovador onde mostra ser possível
plantar água, comer Caatinga e irrigar com o sol, otimizando a abundância dos
recursos naturais da região semiárida nordestina e fazendo uso racional da água
O Centro de
Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (FGV), responsável por
um projeto nacional onde favorece a agricultura familiar na cadeia de alimentos
nos centros urbanos, reconheceu grande potencial de um projeto no sertão
pernambucano onde favorece o cultivo de alimentos através do primeiro sistema
agrovoltaico da América do Sul. O sistema está sendo desenvolvido na escola de
Agroecologia Serta, em Ibimirim, por uma rede de pesquisados de entidades
locais e do país (Ecolume), liderada pela climatologista Francis Lacerda, do Laboratório de Mudanças Climática, do
Instituto Agronômico de PE (IPA). Na última semana, a FGV incluiu o projeto do
Ecolume como uma das 14 iniciativas sendo executadas no Brasil com potencial de
produzir alimentos através da agricultura familiar para cadeia de grandes
cidades
Em
agosto, Francis e o climatologista Paulo Nobre, do Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais, membros do Ecolume, participarão de um
encontro na FGV, em São Paulo, juntos aos demais 13 projetos
pré-selecionados no projeto Bota na Mesa, do Centro de Estudos em
Sustentabilidade da instituição. O Bota na Mesa localiza e favorece a
articulação de redes entre governos, empresários, associações, cooperativas e
as iniciativas deste tipo de produção de alimentos com o objetivo de promover
um comércio justo, a conservação ambiental e a segurança alimentar e
nutricional.
"O nosso
projeto Socioeconomia Verde no Bioma Caatinga mostra justamente a viabilidade de uma agricultura familiar
que também utiliza as plantas nativas já adaptadas ao clima do semiárido, que
tem como potencialidade, muito sol e pouca água e, isso tudo considerando os
cenários das mudanças climáticas atuais e futuras", diz Francis,
agradecida pelo reconhecimento do Centro de Estudos em Sustentabilidade da
FGV". O Ecolume, com jovens estudantes do Serta, sendo eles filhos e
filhas de agricultores de várias cidades sertanejas de PE e outros estados do
NE, estão desenvolvendo um projeto pioneiro de produção consorciadas de animais (peixes e galinhas) e vegetação (plantas
nativas e adaptadas) por um sistema de aquaponia (produção por tubos e caixas
d'águas com uso e reuso da água), alimentada pela irrigação por placas fotovoltaicas.
Para
o professor de mestrado em Agronegócio do Centro de Estudos do Agronegócio da
FGV, Eduardo Assad, que integra o comitê científico do Painel Brasileiro de
Mudança Climática, o projeto do Ecolume é notável. "Ele merece todo o
nosso apoio, pois é um dos poucos que com toda a simplicidade e inovação pode
mostrar em um curto prazo que é possível transformar a racionalidade da
agricultura na Caatinga através dos seus recursos naturais, a exemplo das
plantas nativas já altamente tolerantes à deficiência hídrica e a seca,
transformando a lógica secular do flagelo sertanejo em potencialidade, riqueza
e renda para o produtor", diz Assad.
Ecolume
O Ecolume é financiado pelo CNPq desde o começo do ano. A rede de
pesquisadores, que busca apresentar soluções no Bioma Caatinga para os
problemas dos recursos hídricos, energia e produção alimentar diante do advento
e da evolução das mudanças climáticas, é composta por entidades como o IPA,
UFPE, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa), Instituto Nacional do Semiárido, Instituto Federal do
Sertão, Serviço de Tecnologia Alternativa (Serta), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e ainda a Secretaria do Meio Ambiente
e Sustentabilidade do Estado de Pernambuco (Semas).
FONTE/ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO
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