Os ataques a bancos seguem desafiando as forças policiais no Nordeste. Grupos fortemente armados e sempre em grande número de criminosos costumam agir durante a madrugada para explodir agências bancárias e caixas eletrônicos. As ações deixam a população dos municípios atingidos assustada. As investidas que acontecem nas capitais e no interior nordestinos são chamadas de novo cangaço. Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe e os outros estados da região sofrem com a insegurança e as ações cada vez mais audaciosas dos bandidos.
Na noite da última terça-feira (05), três homens foram presos durante uma tentativa de sequestro contra o gerente da agência do Banco do Brasil do Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife (RMR). O trio, junto com outra pessoa ainda não identificada, planejava render a vítima e entrar com ela no momento da abertura da agência, na manhã desta quarta-feira. De acordo com a polícia, a quadrilha é formada por integrantes dos estados do Ceará e de Alagoas.
Já nesta quarta-feira (06), a Polícia Civil de Pernambuco apresentou o resultado da Operação Cidade Baixa, desarticulando uma organização criminosa que atuava de forma interestadual. A investigação teve início em janeiro deste ano e a operação foi deflagrada em 24 de maio. A quadrilha praticava roubos em agências bancárias e investia o dinheiro conseguido em outras práticas criminosas, em especial o tráfico de drogas na cidade do Cabo de Santo Agostinho. Também é atribuído ao grupo um triplo homicídio, ocorrido no dia 28 de abril, em Pontes dos Carvalhos, no Cabo. A operação foi denominada de Cidade Baixa como uma alusão ao local de encontro dos integrantes da organização criminosa, que aconteciam em Olinda.
Segundo o delegado Paulo Berenguer, da Delegacia de Repressão ao Roubo e Furto, a ação dos policiais foi bastante complexa. “Era uma quadrilha com ação interestadual e conseguimos identificar ações em Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba e Sergipe. Conseguimos desarticular completamente a organização, evitar crimes em Aliança e Belo Jardim e o sequestro de um prefeito no interior de Pernambuco. Além disso, desvendamos oito homicídios e evitamos que outras nove pessoas também fossem mortas”, detalha.
Cinco cidades tiveram agências bancárias atacadas pela quadrilha: Itaporanga D’Ajuda (SE), Araçagi (PB), Bezerros (PE), Taquaritinga do Norte (PE) e São Gonçalo do Amarante (RN). Ao todo, 16 pessoas, todas pernambucanas e incluindo três mulheres, foram presas na operação. Outras três que faziam parte do grupo estão foragidas. Os integrantes da organização foram presos no Recife, em outras cidades da RMR e no estado do Rio Grande do Norte. Também foram apreendidos armas, drogas, munição, explosivos e outros equipamentos utilizados nos roubos.
A quadrilha tinha quatro líderes: Erivan Fernandes Batista e Fernando de Lis Miranda cuidavam da parte operacional das ações, enquanto Jeremias José da Silva e Jonatas Tenório da Silva eram responsáveis pela gestão do grupo, segundo a polícia.
Só neste ano, em Pernambuco, foram 19 operações de repressão a esse tipo de prática. O gestor do Departamento de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Depatri), Newson Motta, detalha as práticas da polícia para coibir os roubos. “Temos o que chamamos de operações de repressão qualificadas, como a Operação Cidade Baixa, que exigem mais planejamento, e ações menos complexas como flagrantes e apreensão de indivíduos”, explica.
Segundo dados do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, até o dia 6 de junho deste ano, foram 74 ações contra agências no estado. Houve 31 explosões, 21 arrombamentos, 13 assaltos, seis casos de estelionato, dois sequestros e uma invasão. No mesmo período de 2017, foram 86 ocorrências. Ao todo, no ano passado, 185 ações contra bancos foram realizadas. De acordo com a Secretaria de Defesa Social de Pernambuco, em 2017 foram contabilizados 119.809 Crimes Violentos contra o Patrimônio (CVPs), que são delitos onde há roubo, não apenas em bancos, mas também assaltos a ônibus, roubos a transeuntes e s e outros casos do tipo.
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