Foi em clima de paz e defesa da
democracia que cerca de 2 mil pessoas subiram a ponte Presidente Dutra, sobre o
Rio São Francisco, na manhã de hoje (23) no município de Juazeiro, no sertão da
Bahia. O Ato, organizado pela Frente Brasil Popular, teve início na noite de
segunda (22) com o lançamento do Comitê Popular em defesa da Democracia e do
direito de Lula ser candidato e vigília em frente ao Fórum da cidade.
O movimento pacífico ocupou a ponte
por volta de duas horas, somando-se a outras manifestações em todo país, onde
as organizações presentes expressam seu apoio ao ex presidente Lula que será
julgado nesta quarta-feira (24), sem nenhuma prova que legitime as acusações.
Nordestino que governou o Brasil por
dois mandatos, Lula é um dos pretensos candidatos às eleições presidenciais
deste ano, o que, para o comerciante Damião José da Silva, é uma afronta à
elite brasileira. “Os políticos ricos não querem que nenhum político entre e
ajude a população, Lula entrou e ajudou, deixou Dilma, ajudou. Os políticos que
estão lá são ricos, de famílias ricas, nunca foram pobre, aí eles não gostam de
quem chega lá pra ajudar a pobreza não, eles faz de tudo pra tirar”. Residente
em Cabrobó (PE), Damião estava preso no engarrafamento, sem conseguir chegar
ao Seasa de Juazeiro, mas para ele “tem que fazer isso mesmo, vale a pena a
espera, se o povo não tomar a iniciativa vai ser cada vez pior”, diz ele em
apoio à manifestação.
O vendedor ambulante, Anderson Lima,
diz apoiar a causa porque o governo Temer “está cortando os direitos do povo, o
pessoal tá voltando a passar fome”. O trabalhador diz que a manifestação é
justa, pois “temos que lutar por nossos direitos e nós conquistamos nossos
direitos pela democracia”, defende Anderson.
Trabalhadores/as, estudantes e
militantes de diversos movimentos sociais do campo e da cidade reclamavam ainda
da perda de inúmeros direitos, muitos deles conquistados nos Governos petistas
de Lula e Dilma Roussef. Denunciaram também a aprovação de Reformas que tem
causado inúmeros prejuízos à classe trabalhadora, embora ainda não sentidos por
boa parte da população, a exemplo da Reforma Trabalhista.
Nessa manhã houve também o fechamento
de acessos ao município de Curaçá e Casa Nova, ambas há cerca de 100 km de
Juazeiro. A coordenadora estadual do MST (Movimento dos/das Trabalhadores/as
sem Terra), Leidiane Gomes, ressalta que o povo está nas ruas porque o Golpe de
2016 está tendo continuidade, uma vez que “nós perdemos uma presidenta eleita
legitimamente pelo povo e agora nós estamos às vésperas de viver um novo
capítulo desse golpe”, diz ela se referindo às tentativas de cassarem o direito
de Lula ser candidato nas próximas eleições.
Violência da Polícia
Militar
Ao invés de garantir a segurança
das/dos manifestantes, o Batalhão Especialda Polícia Militar da Bahia – Rondesp
– agiu com truculência avançando com as viaturas sobre um cordão de segurança,
formado por trabalhadores/as, que segurava uma faixa na linha de frente da
manifestação. Além disso, soltaram gás lacrimogêneo ao tempo em que policiais a
pé agrediam manifestantes. Idosos e crianças foram atingidos pelo gás e uma
pessoa chegou a ser levada ao hospital. A organização do Ato irá tomar as
medidas cabíveis.
Texto e fotos: Frente Brasil Popular
- BA
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