Em várias cidades de todas as regiões do
Brasil, a 23ª edição do Grito dos Excluídos reuniu milhares de pessoas no
feriado de 7 de Setembro. O mote deste ano da tradicional mobilização é “Por
direito e cidadania, a luta é todo dia”. Entre as reivindicações, estão a
preservação e a ampliação de direitos sociais, críticas às reformas propostas
pelo governo e a reversão do decreto que extingue uma reserva mineral na
Amazônia.
Em
Brasília, a concentração começou às 9h. De um lado da Esplanada dos
Ministérios, a cúpula do governo federal assistia, ladeada por milhares de
pessoas, ao desfile cívico-militar. Do outro, próximo ao Museu da República,
movimentos sociais e ativistas protestavam em defesa da democracia e contra as
reformas em curso, como a trabalhista e a previdenciária. O número de
participantes não foi divulgado.
Ao
longo de toda a manhã, cantadores, rappers,
batuqueiros e outros integrantes da articulação “Artistas pela Democracia”
dividiram o palco com organizações da sociedade civil que, uma a uma,
apresentaram suas reivindicações. Crianças também participaram do ato, pintando
e erguendo cartazes em defesa da Amazônia, da reforma agrária, da demarcação de
terras indígenas e de direitos sociais, como educação.
Por
volta das 11h30, o grupo saiu em caminhada em direção ao Congresso Nacional,
pedindo a saída do presidente da República Michel Temer. “O Grito dos Excluídos
sempre faz a defesa da vida. Neste ano, acrescentamos a questão da defesa da
democracia e também a luta por direitos, por conta da conjuntura que estamos
vivendo. Por isso, várias pessoas entoaram a palavra de ordem: 'nenhum direito
a menos'”, disse José Boaventura Teixeira, educador popular e integrante da
Cáritas Arquidiocesana de Brasília.
Um
dos organizadores do ato, Teixeira explicou que o Grito dos Excluídos nasceu da
Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e, ao longo de mais de duas
décadas, sai às ruas no 7 de setembro para denunciar a injustiça social. “É uma
prática que, de certa forma, sempre foi feita com o envolvimento de grupos
populares e fortemente da Igreja, na perspetiva da opção pelos pobres e pelos
excluídos, que é uma mensagem antiga e que está sendo fortalecida pelo papa Francisco”,
relembrou.
Apesar
de nem a polícia nem a organização do movimento terem divulgado o número de
participantes, Teixeira diz que número de participantes diminuiu em relação aos
10 mil manifestantes do ano passado. Para ele, a situação reflete o desânimo
provocado pela crise política e pelo comportamento da mídia. “A mídia não tem
incentivado, de forma alguma, a participação política, a organização do povo
para repensar [a sociedade]. Ao contrário, a mídia tem levado a sociedade a
ficar cada vez mais descrente com a Política, em letra maiúscula”, criticou.
Ele acrescentou que Executivo, Legislativo e Judiciário também têm efetivado
ações importantes sem a participação popular.
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