Após passar 2017 em silêncio, sem casos confirmados em Pernambuco, o zika vírus volta a circular no Estado, onde 81 pacientes já manifestaram este ano sintomas sugestivos da doença. Entre eles, 13 tiveram diagnóstico confirmado da arbovirose, que ficou conhecida por causar microcefalia em bebês e outras malformações congênitas, além de complicações neurológicas em adultos. A informação está no 11º boletim epidemiológico de arboviroses deste ano, divulgado ontem pela Secretaria Estadual de Saúde (SES) e que considera dados até o último dia 17.
Em um dos pacientes, entre o grupo de 13 que tiveram diagnóstico laboratorial positivo para zika, o vírus foi identificado nos primeiros dias da doença, através da técnica de PCR (sigla em inglês para reação em cadeia da polimerase), capaz de identificar a presença do DNA do agente causador da doença em amostras de sangue do paciente. É esse achado que confirma a circulação (novamente) do zika vírus em Pernambuco.
Os outros 12 pacientes apresentam resultados sorológicos (IgG) positivos para zika. Para a SES, a constatação “reforça a possibilidade de memória de infecções anteriores ou reações cruzadas com outros Flavivirus (como dengue)”. O IgG positivo, nesses casos, indica que a pessoa já teve contato com zika em algum momento da vida – e não necessariamente em 2018.
Os casos de zika, em Pernambuco, já foram notificados este ano em 15 municípios. Entre os que têm registros de pacientes com confirmação da doença, estão seis no Grande Recife (Igarassu, Jaboatão dos Guararapes, Olinda, Recife, Paulista e São Lourenço da Mata); dois na Zona da Mata (Vitória de Santo Antão e Rio Formoso) e três no Agreste (Gravatá, Santa Maria do Cambucá e Águas Belas).
PARCERIA
Para manter o controle no trabalho de redução dos casos de arboviroses, o Recife dá início à implementação de duas novas técnicas que prometem ser capazes de diminuir a população do Aedes aegypti e de reduzir a transmissão de dengue, chicungunha e zika. Em parceria com a Biofábrica Moscamed (empresa em Juazeiro, na Bahia, que utiliza a tecnologia de raio-X para esterilizar o mosquito), a capital pernambucana iniciará a liberação desses insetos até o fim do ano em três bairros: Mangabeira, Morro da Conceição e Macaxeira, todos na Zona Norte e onde historicamente são observados maiores riscos de adoecimento.
“Paralelamente a essa técnica, usaremos uma linhagem de mosquitos que são infectados pela bactéria Wolbachia, capaz de diminuir a capacidade do Aedes transmitir doenças. Essas duas técnicas serão utilizadas em larga escala, pela primeira vez, na cidade”, informou ontem o secretário de Saúde do Recife, Jailson Correia, durante visita do diretor-geral adjunto para Cooperação Técnica da Agência Internacional de Energia Atômica, Dazhu Yang. Ele conheceu o projeto piloto do mosquito estéril e discutiu possibilidade de parcerias para a iniciativa.
A técnica consiste na produção, em laboratório, de grande número de mosquitos machos estéreis por radiação ionizante e que são liberados no ambiente para copularem com fêmeas selvagens (da natureza), para que elas não consigam produzir ovos descendentes. O papel de transmitir as arboviroses é da fêmea do Aedes. Por isso, a disseminação dos mosquitos inférteis no meio ambiente não leva a um aumento de mosquitos transmissores.
Os três bairros que receberão a nova tecnologia já estão com 58 câmeras de monitoramento instaladas. Elas simulam o ambiente ideal para a proliferação do Aedes e servem para avaliar, de modo preciso, a infestação do mosquito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário