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quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Não troco mensagens amistosas com réus”, diz Barroso, em resposta a críticas de Gilmar


As críticas feitas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes ao seu companheiro de Corte, o ministro Luís Roberto Barroso, não foram bem recebidas pelo magistrado, relator do inquérito que investiga o presidente Michel Temer pela edição – em troca de propina, como suspeitam investigadores – de um decreto que prorrogava contratos de concessão no porto de Santos. Ao comentar a demissão de Fernando Segovia da direção da Polícia Federal, nesta terça-feira (27), Gilmar Mendes afirmou que Barroso, que intimou o então diretor-geral da PF a se explicar por entrevista sobre o andamento da investigação, “fala pelos cotovelos” e “antecipa julgamento”.
“O Barroso que não sabe o que é alvará de soltura, fala pelos cotovelos. Antecipa julgamento. Fala da malinha de rodinha. Precisaria suspender a própria língua”, avaliou Gilmar ao blog da jornalista Andréia Sadi.
Em resposta, o ministro Luís Roberto Barroso destacou que não antecipa julgamentos, não frequenta palácios e nem troca “mensagens amistosas com réus”. Em nota encaminhada à repórter, o magistrado fez menções a casos polêmicos protagonizados por Gilmar, como quando ele não se declarou suspeito para julgar a filha de Jacob Barata, empresário que chegou a ser preso na Operação Lava Jato – e solto pelo próprio ministro por três vezes – e as reuniões suspeitas com Temer, fora da agenda, às vésperas de decisões importantes como a que salvou o mandato do presidente, como voto de Minerva do ministro, em junho de 2017.
“Jamais antecipei julgamento. Nem falo sobre política. Eu vivo para o bem e para aprimorar as instituições. Sou um juiz independente, que quer ajudar a construir um país melhor e maior. Acho que o Direito deve ser igual para ricos e para pobres, e não é feito para proteger amigos e perseguir inimigos. Não frequento palácios, não troco mensagens amistosas com réus e não vivo para ofender as pessoas”, rebateu o magistrado.
Demissão desajeitada
Na entrevista o ministro Gilmar Mendes classificou a demissão de Fernando Segovia da direção-geral da Polícia Federal como “desajeitada”. Ele também emendou críticas à procuradora-geral da República, Raquel Dodge, que pediu ao STF que impedisse Segovia de interferir novamente no inquérito, sob pena de afastamento do cargo.
“Sou amigo dela, mas por que não faz nada com os procuradores que ficam falando? Por que não suspende os procuradores? Eles palpitam sobre tudo”, destacou o ministro.

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