Os grupos de mensagem de caminhoneiros no WhatsApp
voltaram a ficar ativos desde o anúncio da alta de até 14% no preço do
diesel na última sexta-feira (31).
O caminhoneiro
Salvador Edimilson Carneiro, o Dodô, que administra a página UDC –
Brasil (União dos Caminhoneiros do Brasil), no Facebook, com 800 membros,
afirma que já há uma movimentação para que os caminhoneiros voltem a parar.
Carneiro é membro do Sindicato dos Transportadores
Rodoviários Autônomos de Bens do Estado da Bahia. Ele é caminhoneiro há 30 anos
e participou dos protestos de maio, quando criou a página no Facebook e passou
a gravar vídeos sobre os protestos.
As redes sociais e o WhatsApp foram os principais
meios de mobilização usados pelos caminhoneiros durante a paralisação de 11
dias em maio. A UDC – Brasil divulgou nota afirmando que iniciariam uma
paralisação após o feriado de 7 de Setembro.
Segundo Carneiro, o comunicado foi uma iniciativa
isolada de um dos membros do grupo, mas ele confirma a disposição da categoria
em discutir uma nova manifestação.
“Se fosse pela empolgação, hoje íamos amanhecer
parados em vários pontos”, afirma.
Ele conta que várias lideranças que tiveram
participação na paralisação de maio – como Gilson Baitaca e Wallace Landim
(Chorão)- acalmaram os ânimos e tentam organizar um ato na sede da ANTT
(Agência Nacional de Transportes Terrestres).
No início da noite deste sábado, a ANTT já tinha uma
nota em seu site afirmando que, por conta da variação no preço do diesel irá
promover os ajustes na tabela do frete, conforme previsto na lei sancionada por
Temer.
A ideia dos caminhoneiros é pressionar os órgãos
reguladores responsáveis por fazer valer o acordo acertado com o governo em
maio.
“Nós vamos juntar dez caminhoneiros de cada estado
do país e vamos para Brasília, para a frente do prédio da ANTT. Sem baderna.
Vamos fazer igual aos sem-teto, vamos invadir o prédio e só sair de lá quando
atenderem a gente”, afirmou.
Os caminhoneiros pedem por mais fiscalização da ANTT
sobre as transportadoras que não cumprem a tabela do frete, além de pedir pela
definição final sobre a lei, que hoje está em análise pelo STF.
“Também queremos que o [ministro do Supremo Tribunal
Federal, Luiz] Fux dê logo uma canetada a nosso favor, e aprove a lei”.
Após o decreto assinado por Temer em junho,
associações e empresas entraram com ações contrárias à imposição do preço
mínimo para o transporte de mercadoria. Fux decidiu então por uma audiência
pública que irá ocorrer no próximo dia 27. Em agosto, ele ouviu as partes
envolvidas.
A lei que estabeleceu a nova política de frete prevê
revisão dos pisos mínimos caso o combustível tenha oscilação superior a 10%,
como ocorreu na sexta-feira, para acomodar o aumento de custos
dos caminhoneiros.
As demandas divulgadas em nota da União dos
Caminhoneiros do Brasil foram espalhadas pelos vários grupos e redes sociais.
Carneio diz que, ao contrário do que está no comunicado, ainda não existe
consenso sobre uma data para o possível início dos protestos.
Outra liderança surgida durante os protestos de
maio, o caminhoneiro autônomo Wallace Landim, conhecido como Chorão, também
convoca a categoria para ir a Brasília cobrar a ANTT.
“A ANTT tem a obrigação de soltar um novo piso, que
está na lei”, continua, marcando a manifestação para o dia 12 de setembro e
ameaçando com paralisação caso o pleito não seja atendido. A agência divulgou
que promoverá os ajustes.
Carneiro diz que se não houver acordo com a ANTT, os
caminhoneiros irão para as estradas, sem prazo para saírem. “E se parar, a
gente vai parar as eleições”, afirma.
De Mato Grosso, Gilson Baitaca, líder do Movimento
dos Transportadores de Grãos, faz coro com os outros caminhoneiros e diz que se
a ANTT não se posicionar até o dia 7 ou 8 de setembro, é grande o risco de
haver novas paralisações.
Baitaca também afirma que as transportadoras não
estão cumprindo os preços tabela do frete e não há fiscalização a respeito.
“Queremos ver a lei chegar na ponta, nos caminhoneiros que estão nas estradas”,
afirma.
No comunicado da UDC-Brasil, o grupo pede a
dissolução da diretoria da ANTT e que haja um representante dos caminhoneiros
autônomos no novo corpo diretivo do órgão.
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